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sábado, 13 de novembro de 2010

Arcadismo...




ARCADISMO



O Arcadismo

 No séc. XVIII, as formas artísticas do Barroco já se encontram desgastadas e decadentes. O fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sócio político- cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão. Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contra-reforma, nega-se a educação jesuíta praticadas nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista. A literatura que surge para combater a arte barroca e sua mentalidade religiosa e contraditória é o Neoclassicismo, que objetiva restaurar o equilíbrio por meio da razão.


 





Dentre as variedades do neoclassicismo, figurou o movimento arcádico. No final do séc. XVII, fixou residência em Roma a jovem ex-rainha Cristina da Suécia, que renunciara ao trono e ao luteranismo, convertendo-se ao catolicismo. Inteligente e culta, desde a Suécia habituara-se a cercar-se de sábios e artistas, para discussão e leitura de trabalhos literários. Em Roma, atraiu para essas reuniões a fina flor da inteligência local, formando um cenáculo intelectual que, após sua morte, se transformaria na Arcádia (1690). Nasceu , assim, com regulamentos e programas, a nova academia, composta de 16 membros. Tinha o objetivo de reconduzir à fonte da natureza, à simplicidade de sentimento e de estilo, a poesia e, em geral, a literatura, que, na opinião dos seus componentes, estavam desviadas pelos cattivo gusto, herança do seiscentismo.



 O nome de Arcádia era dado na Grécia antiga à região do Peloponeso, morada do deus Pan, e onde a tradição imaginava residirem todos os pastores com seus míticos e plácidos costumes, em contato com a natureza, onde residiam a beleza, pureza e espiritualidade. Procuravam adoçar a dureza do viver mercê de uma disposição para o canto e a dança, as canções de amor e as pugnas poéticas, caracterizadas pela espontaneidade e simplicidade. Segundo Toffanin, era a pátria da antiga poesia pastoral. Por isso, o nome foi transferido para a academia italiana, acrescentando-se ainda a particular ressonância obtida pelo romance pastoral de Jacopo Sannazareo (1458-1530), intitulado Arcádia (1504). Os membros da nova Arcádia chamavam-se “pastores”, cada um adotando um nome pastoril, grego ou latino, sendo o presidente eleito e designado “guardião geral”. 




As reuniões eram realizadas em parques e jardins. No combate ao estilo empolado do Barroco decadente, com sua retórica artificial e suas sutilezas conceptistas, visava o arcadismo ou movimento arcádico retornar à simplicidade, equilíbrio, naturalidade e clareza dos modelos clássicos.



Restabelecendo a poética antiga, a forma clássica, o buono stile, a naturalezza Del dire, na linha da liberdade e simplicidade anacreôntica e pindárica, ou de conformidade com o petrarquismo quinhentista, cantando o amor, a natureza, a vida simples e bucólica. Do ponto de vista formal, a simples e idílica alma lírica setecentista encontrou no verso solto, nas odes e elegias o instrumento ideal. Criou assim um novo estilo individual e de época, englobando-se no rococó literário.





 

 Além do seu caráter democrático, a Arcádia teve uma tendência supernacional. O movimento de reforma literária e linguística irradiou-se em filiais pelos diversos reinos e cidades da Itália e em numerosos países estrangeiros, que se denominaram “colônias”.





 
Da Itália, o movimento arcádico passou a Portugal e ao Brasil. Empenhando que estava Portugal, no séc. XVIII, numa reação anti-castelhana, inclusive como reação paralela a restauração da independência, o movimento arcádico encontrou boa acolhida. As academias do século anterior foram-se transformando em corporações, do tipo ora arcádico, ora científico. De qualquer modo, no sentido da tradição clássica e também abrindo-se à influência francesa, que invadia o século







Em Portugal, o arcadismo instalou-se com a Arcádia Lusitana (1756-1774), reunindo escritores de renome: Antônio Dinis da Cruz e Silva, Gomes de Carvalho, Manoel de Figueiredo, Cândido Lusitano, Domingos dos Reis Quita, Correia Garção, José Caetano de Mesquita. Houve, ainda, a nova Arcádia, no final do século XVIII, de que foram membros Bocage e José Agostinho de Macedo.




Com o arcadismo desenvolve-se no Brasil a primeira produção literária adaptada à realidade
nacional. As obras começam a se afastar dos modelos portugueses ao descrever as paisagens locais e criticar a situação política do país. Surgem vários poetas em Vila Rica, atual Ouro Preto (MG) – capital cultural e centro de riqueza na época –, grande parte deles ligada à Inconfidência Mineira. Os árcades constituem a primeira geração de escritores brasileiros




 







 





Ideais iluministas: (Os pensadores iluministas tinham como ideal a extensão dos princípios do conhecimento crítico a todos os campos do mundo humano. Supunham poder contribuir para o progresso da humanidade e para a superação dos resíduos de tirania e superstição que creditavam ao legado da Idade Média.






A maior parte dos iluministas associava ainda o ideal de conhecimento crítico à tarefa do melhoramento do estado e da sociedade.) como expressão artística da burguesia, o Arcadismo veicula também certos ideais políticos e ideológicos dessa classe, no caso, ideais do iluminismo. Os iluministas foram pensadores que defenderam o uso da razão, em contraposição à fé cristã, e combateram o absolutismo. Embora não sejam a preocupação central da maioria dos poetas árcades. Ideias de liberdade, justiça e igualdade social estão presentes em apenas alguns textos da época.
 
                                                                                
 Convencionalismo amoroso: na poesia árcade, as situações são artificiais;não é o próprio poeta quem fala de si e de seus reais sentimentos. No plano amoroso, por exemplo, quase sempre é um pastor que confessa seu amor por uma pastora e a convida para aproveitar a vida juntos à natureza. Porém, ao se lerem vários poemas, de poetas árcades diferentes, tem-se a impressão de que se trata sempre de um mesmo homem, de uma mesma mulher e de um mesmo tipo de amor. Não há variações emocionais. Isso ocorre devido ao convencionalismo amoroso, que impede a livre expressão dos sentimentos, levando o poeta a racionaliza. Ou seja, o que mais importava ao poeta árcade era seguir a convenção, fazer poemas de amor como faziam os poetas clássicos, e não expressar os sentimentos. Além disso mantém-se o distanciamento entre os amantes, que já se verifica na poesia clássica.



 A transição do barroco para o arcadismo no país dá-se em 1768, com a publicação do livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa. Entre os árcades destacam-se, ainda, Tomás Antônio Gonzaga, autor de Marília de Dirceu; Basílio da Gama (1741-1795), de O Uraguai; e Silva Alvarenga (1749-1814), de Glaura. Apesar do engajamento pessoal, a produção desses autores não está a


serviço da política.




 


 Características




Urbem (fuga da cidade): influenciados pelo poeta latino Horácio, os árcades  defendiam o bucolismo como ideal de vida, isto é, uma vida simples e natural, junto ao campo, distantes dos centros urbanos. Tal princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo francês Jean Jacques Rousseau, segundo o qual a civilização corrompem os costumes do homens, que nasce naturalmente bom.



.Aurea mediocritas (vida medíocre materialmente mas rica em realizações espirituais): outro traço presente advindo da poesia horaciana é a idealização de uma vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e infeliz na cidade.




sábado, 18 de setembro de 2010

Gregório de Matos


Gregório de Matos e Guerra


Gregório de Matos alcunhado de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi um advogado e poeta do Brasil Colônia. É considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa, no período.
 
 
 
 
 
Como poeta de inesgotável fonte satírica não poupava ao governo, à falsa nobreza da terra e nem mesmo ao clero.
Não lhe escaparam os padres corruptos, os reinóis e degredados, os mulatos e emboabas, os "caramurus", os arrivistas e novos-ricos, toda uma burguesia improvisada e inautêntica, exploradora da colônia.
 
 
Foi o primeiro poeta a cantar o elemento brasileiro, o tipo local, produto do meio geográfico e social. Influenciado pelos mestres espanhóis da Época de Ouro Góngora, Quevedo, Gracián, Calderón sua poesia é a maior expressão do Barroco literário brasileiro, no lirismo.
 Sua obra compreende: poesia lírica, sacra, satírica e erótica. Ao seu tempo a imprensa estava oficialmente proibida. Suas poesias corriam em manuscritos, de mão em mão, e o Governador da Bahia D. João de Alencastre, que tanto admirava "as valentias desta musa", coligia os versos de Gregório e os fazia transcrever em livros especiais. 




Gregório de Matos






Senhora Dona Bahia

"Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,
e é que, quem o dinheiro nos arranca,
nos arranca as mãos, a língua, os olhos."
"Esta mãe universal,
esta célebre Bahia,
que a seus peitos toma, e cria,
os que enjeita Portugal"
"Cansado de vos pregar
cultíssimas profecias,
quero das culteranias
hoje o hábito enforcar:
de que serve arrebentar
por quem de mim não tem mágoa?
verdades direi como água
porque todos entendais,
os ladinos e os boçais,
a Musa praguejadora.
Entendeis-me agora?"
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Origens e Características do Barroco




O barroco foi uma tendência artística que se desenvolveu primeiramente nas artes plásticas e depois se manifestou na literatura, no teatro e na música. O berço do barroco é a Itália do século XVII, porém se espalhou por outros países europeus como, por exemplo, a Holanda, a Bélgica, a França e a Espanha. O barroco permaneceu vivo no mundo das artes até o século XVIII. Na América Latina, o barroco entrou no século XVII, trazido por artistas que viajavam para a Europa, e permaneceu até o final do século XVIII.

                                                                                                                                  

Contexto histórico


O barroco se desenvolve no seguinte contexto histórico: após o processo de Reformas Religiosas, ocorrido no século XVI, a Igreja Católica havia perdido muito espaço e poder. Mesmo assim, os católicos continuavam influenciando muito o cenário político, econômico e religioso na Europa. A arte barroca surge neste contexto e expressa todo o contraste deste período: a espiritualidade e teocentrismo da Idade Média com o racionalismo e antropocentrismo do Renascimento



. Os artistas barrocos foram patrocinados pelos monarcas, burgueses e pelo clero. As obras de pintura e escultura deste período são rebuscadas, detalhistas e expressam as emoções da vida e do ser humano.






A palavra barroco tem um significado que representa bem as características deste estilo. Significa " pérola irregular" ou "pérola deformada" e representa de forma pejorativa a idéia de irregularidade.




                          
 

O período final do barroco (século XVIII) é  chamado de rococó e possui algumas peculiaridades, embora as principais características do barroco estão presentes nesta fase. No rococó existe a presença de curvas e muitos detalhes decorativos (conchas, flores, folhas, ramos). Os temas relacionados à mitologia grega e romana, além dos hábitos das cortes também aparecem com freqüência.


BARROCO NO BRASIL



 
O barroco brasileiro foi diretamente influenciado pelo barroco português, porém, com o tempo, foi assumindo características próprias. A grande produção artística barroca no Brasil ocorreu nas cidade auríferas de Minas Gerais, no chamado século do ouro (século XVIII). Estas cidades eram ricas e possuíam um intensa vida cultura e artística em pleno desenvolvimento.
 







 O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa também conhecido como Aleijadinho. Sua obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil. Podemos citar algumas obras de Aleijadinho: Os Doze Profetas e Os Passos da Paixão, na Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo (MG).

                                        



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Outros artistas importantes do barroco brasileiro foram: o pintor mineiro Manuel da Costa Ataíde e o escultor carioca Mestre Valentim. No estado da Bahia, o barroco destacou-se na decoração das igrejas em Salvador como, por exemplo, de São Francisco de Assis e a da Ordem Terceira de São Francisco