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sexta-feira, 9 de setembro de 2011





O Conto


O conto é a forma narrativa, em prosa, de menor extensão (no sentido estrito de tamanho). Entre suas principais características, estão a concisão, a precisão, a densidade, a unidade de efeito ou impressão total – da qual falava Poe (1809-1849) e Tchekhov (1860-1904): o conto precisa causar um efeito singular no leitor; muita excitação e emotividade. Ao escritor de contos dá-se o nome de contista

O conto necessita de tensão, ritmo, o imprevisto dentro dos parâmetros previstos, unidade, compactação, concisão, conflito, início, meio e fim; o passado e o futuro têm significado menor. O "flashback" pode acontecer, mas só se absolutamente necessário, mesmo assim da forma mais curta possível.




A CARTOMANTE
Machado de Assis


Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de Novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.



— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...



— Errou! Interrompeu Camilo, rindo.



— Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...



Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...



— Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.



— Onde é a casa?



— Aqui perto, na rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.



Camilo riu outra vez:



— Tu crês deveras nessas coisas? perguntou-lhe.



Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muito cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranqüila e satisfeita.



Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se, Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento; limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.



Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.



Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura, e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.



— É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo; falava sempre do senhor.



Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vente e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição.



Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.



Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela; era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente, e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração; não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam.



Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.



Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.



Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento: — a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.



Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.



— Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com a das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a...



Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem, em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas.



No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou todas essas cousas com a notícia da véspera.



— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos no papel.



Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando na pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a idéia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a idéia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.



Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas; ou então, — o que era ainda peior, — eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. "Vem já, já à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Ditas, assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a idéa, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo.



— Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim...



Mas o mesmo trote do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar; a rua estava atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.



Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar a primeira travessa, e ir por outro caminho; ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a idéia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça:



— Anda! agora! empurra! vá! vá!



Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras cousas; mas a voz do marido sussurrava-lhe às orelhas as palavras da carta: "Vem já, já..." E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar... Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários; e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há mais cousas no céu e na terra do que sonha a filosofia..." Que perdia ele, se...?



Deu por si na calçada, ao pé da porta; disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para os telhados do fundo. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.



A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:



— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...



Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.



— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma coisa ou não...



— A mim e a ela, explicou vivamente ele.



A cartomante não sorriu; disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez as cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso.



— As cartas dizem-me...



Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável mais cautela; ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.



— A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.



Esta levantou-se, rindo.



— Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...



E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.



— Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar buscar?



— Pergunte ao seu coração, respondeu ela.



Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis.



— Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá tranqüilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu...



A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo.



Tudo lhe parecia agora melhor, as outras cousas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo.



— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.



E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer cousa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Às vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação: — Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.



A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.



Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.



— Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?



Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta e ensangüentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.


José de Alencar









José Martiniano de Alencar (Messejana, 1 de maio de 1829 — Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1877) foi um jornalista, político, advogado, orador, crítico, cronista, polemista, romancista e dramaturgo brasileiro.
Formou-se em Direito, iniciando-se na atividade literária no Correio Mercantil e Diário do Rio de Janeiro. Foi casado com Ana Cochrane. Filho do senador José Martiniano Pereira de Alencar, irmão do diplomata Leonel Martiniano de Alencar, barão de Alencar, e pai de Augusto Cochrane de Alencar




Ficheiro:Casa José de Alencar (by Tom Junior).jpg
Características da obra de AlencarA obra de José de Alencar pode ser dividida em dois grupos distintos




Quanto ao Espaço Geográfico

O sertão do Nordeste - O Sertanejo

O litoral cearense - Iracema

Fogo na babilonia

O pampa gaúcho - O Gaúcho

A zona rural - Til (interior paulista), O Tronco do Ipê (zona da mata fluminense)

A cidade, a sociedade burguesa do Segundo Reinado - Diva, Lucíola, Senhora e os demais romances urbanos.

Quanto a Evoluçao Historica



O período pré-cabralino - Ubirajara.

A fase de formação da nacionalidade - Iracema e O Guarani.

A ocupação do território, a colonização e o sentimento nativista - As Minas de Prata (o bandeirantismo) e Guerra dos Mascates (rebelião colonial).

O presente, a vida urbana de seu tempo, a burguesia fluminense do século XIX - os romances urbanos Diva, Lucíola, Senhora e outros.

romance urbano





O Romantismo Urbano- também conhecido como romance de costumes ficou marcado por tentar retratar e criticar os costumes da sociedade carioca do século XIX. Teve como primeira obra O filho do pescador, de 1843, no entanto, seu valor é apenas histórico, a obra de maior valor dessa tendência romântica foi A moreninha de Joaquim Manuel de Macedo. Outro autor de destaque foi José de Alencar com os romances Senhora, Lucíola e Diva.


ROMANCE REGIONALISTA






O romance regional surge na primeira metade do século XIX com a intenção de revelar paisagens e costumes pouco retratados nos antigas obras românticas. Os romances passam a exaltar agora aspectos específicos de cada região, revelando assim um lado exótico do país. Esses textos retratam o território nacional e dão ênfase aos grandiosos cenários típicos do interior do Brasil, construindo assim uma nova imagem da pátria.



Ainda recentemente independente, o Brasil procura definir a identidade de sua nação através de mitos que retomam e valorizam sua história. Para isso, cria-se uma personagem de valores dignos e heróicos promovendo ao público leitor o sentimento de amor à pátria. Tomando lugar do índio, o sertanejo passa a ser o símbolo do homem brasileiro mais utilizado pelos principais autores da época: José de Alencar, Alfredo d’Escaragnolle Taunay, Franklin Távora e Bernardo Guimarães. É importante ressaltar que mesmo o interior do Brasil não sofrendo tanta influência européia como os centros, as histórias continuam com elementos característicos da literatura romântica, baseadas no modelo europeu.

As obras são destinadas, como no período anterior, a classe média dos centros urbanos e são publicadas através de jornais em pequenos encartes conhecidos na época como folhetins. Com o tempo, o público começa a se interessar por esses romances, o que estimula a publicação de livros, favorecendo o desenvolvimento da cultura livresca.

Diálogos com a poesia Romântica



               







Podem-se apontar, no amplo e diversificado movimento romântico, algumas tendências básicas:




•a exaltação dos sentimentos pessoais, muitas vezes até autopiedade




•exaltação de seu “eu” - subjetivismo



•a expressão dos estados da alma, das paixões e emoções, da fé, dos ideais religiosos



•apóiam-se em valores nacionais e populares



•desejo de liberdade, de igualdade e de reformas sociais; e a valorização da Natureza, que é vista como exemplo de manifestação do poder de Deus e como refúgio acolhedor para o homem que foge dos vícios e corrupções da vida em sociedade



•em alguns casos, fuga da realidade através da arte (direção histórica e nacionalista ou direção idílica e saudosista)





A linguagem sofreu transformações: em lugar da bem cuidada sintaxe clássica e das composições de metro fixo, os românticos preferiram uma linguagem mais coloquial, comunicativa e simples, criando ritmos novos e variando as formas métricas. Essa liberdade de expressão é uma das características típicas do Romantismo e constitui um aspecto importante para a evolução da literatura ocidental. O espírito de renovação lingüística é uma contribuição importante do Romantismo e foi retomado, no século XX, pelos modernistas.



Na poesia, distinguem-se três fases, as chamadas Gerações Românticas:



Gerações: Nomes  dos  Principais poetas e temas

1ª Geração Nacionalista ou Indianista Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto-Alegre Exaltação da natureza, excesso de sentimentalismo, amor indianista, ufanismo (exaltação da pátria)

2ª Geração Ultra-Romântica ou Mal do Século Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela Egocentrismo, sentimentalismo exagerado, morte, tristeza, solidão, tédio, melancolia, subjetivismo, idealização da mulher.

3ª Geração Condoreira ou Social Castro Alves, Sousândrade, Tobias Barreto Sentimentos liberais e abolicionistas
•Indianismo - uma das formas mais significativas do nacionalismo romântico. O índio é um ser idealizado (nobre, valoroso, fiel), apesar disso demonstra a valorização das origens da nacionalidade.
•Mal do Século - voltando-se inteiramente para dentro de si mesmos, esses poetas expressaram em seus versos pessimistas um profundo desencanto pela vida. Muitos marcados pela tuberculose, mal que deu nome à fase
•Condoreirismo - poesia social e libertária que reflete as lutas internas da Segunda metade do reinado de D. Pedro II.

Castro Alves





Ficheiro:CastroAlves.jpgAntônio Frederico de Castro Alves (Curralinho, 14 de março de 1847 — Salvador, 6 de julho de 1871) foi um poeta brasileiro.[1]




Nasceu na fazenda Cabaceiras,[1] a sete léguas (42 km) da vila de Nossa Senhora da Conceição de "Curralinho", hoje Castro Alves, no estado da Bahia.



Suas poesias mais conhecidas são marcadas pelo combate à escravidão, motivo pelo qual é conhecido como "Poeta dos Escravos". Foi o nosso mais inspirado poeta condoreiro.



Obras/Poesia


Espumas Flutuantes, 1870

A Cachoeira de Paulo Afonso, 1876

Os Escravos, 1883

Hinos do Equador, em edição de suas Obras Completas (1921)

Tragédia no Mar

O Navio Negreiro

Teatro

Gonzaga ou a Revolução de Minas, 1875

Condoreirismo

Condoreirismo ou condorismo se refere a uma escola literária da poesia brasileira, a terceira fase romântica, marcada pela temática social e a defesa de idéias igualitárias.

As décadas de 60 e 70 do século XIX representam para a poesia brasileira um período de transição. Ao mesmo tempo que muitos dos procedimentos da primeira e da segunda geração são mantidos, novidades de forma e de conteúdo dão origem à terceira geração da poesia romântica, mais voltada para os problemas sociais e com uma nova forma de tratar o tema amoroso.



Fugindo um pouco do egocentrismo dos ultrarromânticos, os condoreiros desenvolveram uma poesia social, comprometidos com a causa abolicionista e republicana. Em geral são poemas de tom grandiloquente, próximos da oratória, cuja finalidade é convencer o leitor-ouvinte e conquistá-lo para a causa defendida.



O nome da corrente, condoreirismo, associa-se ao condor ou outras aves, como a águia, o falcão e o albatroz, que foram tomadas como símbolo dessa geração de poetas com preocupações sociais. Identificando-se com o condor, ave de vôo alto e solitário, com capacidade de enxergar a grande distância, os poetas condoreiros supunham ser eles também dotados dessa capacidade e, por isso, tinham o compromisso, como poetas-gênios iluminados por Deus, de orientar os homens comuns para os caminhos da justiça e da liberdade.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

ULTRA-ROMANTISMO











Muita gente sente às vezes uma certa tristeza e não sabe bem de onde ela vem. Você mesmo pode já ter se sentido isso. É um sentimento de desajuste em relação ao mundo, que provoca dor e aflição. Agora imagine isso ao extremo (bem ao gosto romântico). Some melancolia e soli

dão que você terá uma “doença” sentimental que era muito comum entre os autores românticos e que era conhecida no século XIX como mal-do-século.







Esta era a principal característica do ultra-romantismo.
Por extensão, ultra-romantismo é como chamamos a fase em que os poetas românticos viviam e escreviam tudo em excesso. O amor, o sofrimento, a dor, a saudade... Esses e outros sentimentos eram descritos com bastante exagero.
Byron, Musset, Shelley e Goethe são alguns dos poetas ultra-românticos europeus. No Brasil, Álvares de Azevedo é o principal exemplo, assim como Fagundes Varela, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire.
Para completar o quadro, além do desejo da solidão, havia também o da evasão. Sabe quando você está triste e não quer ver ninguém... Ou então está de saco cheio do mundo e quer mudar de cidade, de país ou até de planeta! Às vezes chega até a sonhar em voltar ao passado... Os poetas românticos faziam muito isso, chegando até a admirar e desejar a morte como solução. É o que chamamos de fuga.







A vida desses escritores muitas vezes era exagerada como os seus poemas e livros. Muitos deles questionavam o excesso de regras da moral religiosa, assim como os costumes sociais de sua época.

O exemplo típico de escritor romântico é aquele que freqüenta bares, passa as noites em claro e... Sofre de tuberculose. Isso mesmo! Essa doença era muito comum
na época, e vários escritores sofriam dela. Ela tornava-os ainda mais próximos da morte...









terça-feira, 3 de maio de 2011

Características das 3 gerações





O romantismo seria dividido em 3 gerações:

• 1ºgeração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da colectânea de textos e documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.
A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre. Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do Romantismo no Brasil. Obras: Suspiros Poéticos e Saudades. Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: Canção do exílio, I-Juca-Pirama. Araújo Porto Alegre fundou com os outros dois a Revista Niterói-Brasiliense


Entre as principais características da primeira geração romântica no Brasil estão: o nacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo.


• 2ºgeração — Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não era atingida.
A segunda geração, também conhecida como Byroniana e Ultra-Romantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.

Entre seus principais autores estão Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire e Pedro de Calasans. Álvares de Azevedo fazia parte da sociedade epicuréia destinada a repetir no Brasil a existência boêmia de Byron. Obras: Pálida à Luz, Soneto, Lembranças de Morrer, Noite na Taverna. Casimiro de Abreu escreveu As Primaveras, Poesia e amor, etc. Fagundes Varela, embora byroniano, já tinha em sua poesia algumas características da terceira geração do romantismo. Junqueira Freire, com estilo dividido entre a homossexualidade e a heterossexualidade, demonstrava as idiossincrasias da religião católica do século XIX.

Já as principais características da segunda geração foram o profundo subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação) em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.
Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo Condor, uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou Hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, grande pensador do social e influenciador dessa geração.


Os destaques desta geração foram Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto. Castro Alves, denominado "Poeta dos Escravos", o mais expressivo representante dessa geração com obras como Espumas Flutuantes e Navio Negreiro. Sousândrade não foi um poeta muito influente, mas tem uma pequena importância pelo descritivismo de suas obras. Tobias Barreto é famoso pelos seus poemas românticos.

As principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada.

Essas três gerações citadas acima, apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a prosa no Brasil, não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos - indianista, urbano ou regional - que aconteceram todos simultaneamente.

No país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de 1880. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis, em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período realista.



• 3ºgeração — Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo Condor, uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou Hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, grande pensador do social e influenciador dessa geração.


Os destaques desta geração foram Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto. Castro Alves, denominado "Poeta dos Escravos", o mais expressivo representante dessa geração com obras como Espumas Flutuantes e Navio Negreiro. Sousândrade não foi um poeta muito influente, mas tem uma pequena importância pelo descritivismo de suas obras. Tobias Barreto é famoso pelos seus poemas românticos.

As principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada.

Essas três gerações citadas acima, apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a prosa no Brasil, não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos - indianista, urbano ou regional - que aconteceram todos simultaneamente

Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irónica (vide Eça de Queiróz), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.









Romantismo em Portugal



O Romantismo em Portugal surgiu no século XIX. Nas artes plásticas o Romantismo é normalmente encarado como um movimento oposto ao Neoclassicismo, por ser uma reacção à excessiva racionalidade clássica, negando os princípios de harmonia, ordem e proporção. A questão é, no entanto, um pouco mais complexa, porque ambos se completam e revelam ser as duas fases de um mesmo objecto. É obvio que existem elementos díspares ou mesmo opostos, como sentimento e razão ou o indivíduo versus o todo, mas essas diferenças complementam-se, principalmente nas artes plásticas, porque o movimento neoclássico já é uma atitude romântica ao virar-se para o passado. Quer dizer, o todo só faz sentido com o indivíduo, tal como a razão é inseparável do sentimento, não se podendo por a tónica em nenhuma porque estão interligadas. Nesse sentido o Romantismo surge nas artes quase naturalmente quando os artistas se apercebem da impossibilidade de negar certos aspectos da criatividade humana. Pode, então, ser caracterizado como um apelo ao individualismo, exaltando o sentimento, a emoção e a genialidade
 


Como coincide com uma época de grandes modificações sociais, políticas e económicas, assume forte carga ideológica, sustentada pelo surgimento dos movimentos de carácter nacionalista, como a guerra de independência da Grécia. A revolução industrial, e todos os problemas que a caracterizam, também influenciam esta época. O Romantismo utiliza as inovações técnicas e torna-se uma verdadeira fuga ao real, como se pode ver nos revivalismos, orientalismos e jardins à inglesa, um pouco por toda a Europa. Tal como o Neoclassicismo vira-se para o passado, mas agora valorizando a Idade Média e os estilos artísticos que a caracterizam, utilizando-os como reflexo dos nacionalismos emergentes – Portugal elege o Neomanuelino estilo nacional. O desenvolvimento da história como importante disciplina académica e a moda dos romances de cavalaria, desenrolando-se numa Idade Média idílica, ajudam a popularizar os historicismos medievais.

domingo, 1 de maio de 2011

Here comes ... autumn







Here comes ... autumn







O mundo urbano nos afasta da natureza?




Gostaríamos que você refletisse um pouquinho sobre as questões a seguir:

Com que frequencia você faz essas atividades? Clique aqui para ampliar


Quantas vezes por semana você olha para o céu para observar as estrelas e a lua? Anda descalço na grama? Pega uma fruta de uma árvore? Ajuda a cuidar da horta da sua casa? Nada ou corre na praia? Cuida de um animal ou de uma criação? Pesca num rio ou num lago? Cuida de flores do jardim? Toma banho (de propósito) de chuva?
As pessoas que vivem no meio rural ou que moram no litoral, ainda têm o prazer de estar perto da natureza, já quem vive na “loucura” das grandes cidades... Parecem que nem percebem que existe céu, terra, água ou outras formas de vida...
Essas cenas são comuns na sua vida?
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Infelizmente, é cada vez mais comum encontrarmos pessoas que não têm a mínima afinidade pela natureza ou pessoas que gostam de estar perto dela, nas horas de lazer, mas que não conseguem, por causa dos tantos afazeres do dia-a-dia.
Com tantas inovações científicas e tecnológicas, presentes nesse nosso mundo que criamos, o mundo urbano, parece que as pessoas não têm mais tempo para curtir essa Terra tão querida e tão bonita.
O pior de tudo é que quando o ser humano se afasta da natureza, ele deixa de se preocupar com ela e isso já nos trouxe tantos problemas...
Infelizmente, há poluição em tudo quanto é parte do mundo!
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É poluição para tudo quanto é canto. Aquecimento global, poluição do ar e destruição da camada de ozônio na atmosfera; são agrotóxicos e o lixo no solo; é esgoto e restos industriais na água... Sem falar no tanto de material que é retirado da natureza (e que, muitas vezes, não são renováveis) para fazer automóveis, móveis, equipamentos eletrônicos, combustíveis, fármacos, eletrodomésticos e tudo mais que está presente no nosso mundo urbano.
Toda essa sujeira e este desgaste fazem com que o nosso mundo fique cada vez pior e como não queremos ver cenas como as apresentadas na animação acima, nos afastamos mais e mais... Parece que cada qual vive sua própria vida sem se importar com as outras pessoas e as futuras gerações.
Todos temos que fazer a nossa parte para vivermos num mundo melhor! Recicle! Reutilize! Curta mais a natureza!
Portanto, é preciso mudar. Pois o planeta não aguentará. É preciso sim se desenvolver, mas sustentavelmente.
É necessário também que todos, sem exceção, se aproximem da natureza e cuidem bem dela. Pois nosso futuro depende do ambiente. De nada adianta termos televisões e computadores de última geração em água e não termos água para beber. Pense também nisso.

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sexta-feira, 29 de abril de 2011




Alfredo da Rocha Viana Filho, conhecido como Pixinguinha, (Rio de Janeiro, 23 de abril de 1897 — Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1973) foi um flautista, saxofonista, compositor, e arranjador brasileiro.
Pixinguinha é considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva.
Era filho do músico Alfredo da Rocha Viana, funcionário dos correios, flautista e que possuía uma grande coleção de partituras de choros antigos.[1] Pixinguinha aprendeu música em casa, fazendo parte de uma família com vários irmãos músicos, entre eles o China (Otávio Viana). Foi ele quem obteve o primeiro emprego para o garoto, que começou a atuar em 1912 em cabarés da Lapa e depois substituiu o flautista titular na orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco. Nos anos seguintes continuou atuando em salas de cinema, ranchos carnavalescos, casas noturnas e no teatro de revista.Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, muito ativo a partir de 1919. Na década de 1930 foi contratado como arranjador pela gravadora RCA Victor, criando arranjos celebrizados na voz de cantores como Francisco Alves ou Mário Reis. No fim da década foi substituído na função por Radamés Gnattali. Na década de 1940 passou a integrar o regional de Benedito Lacerda, passando a tocar o saxofone tenor. Algumas de suas principais obras foram registradas em parceria com o líder do conjunto, mas hoje se sabe que Benedito Lacerda não era o compositor, mas pagava pelas parcerias.
Quando compôs "Carinhoso", entre 1916 e 1917 e "Lamentos" em 1928, que são considerados alguns dos choros mais famosos, Pixinguinha foi criticado e essas composições foram consideradas como tendo uma inaceitável influência do jazz, enquanto hoje em dia podem ser vistas como avançadas demais para a época. Além disso, "Carinhoso" na época não foi considerado choro, e sim uma polca.[carece de fontes?] Outras composições, entre centenas, são "Rosa", "Vou vivendo", "Lamentos", "1 x 0", "Naquele tempo" e "Sofres porque Queres".
No dia 23 de abril comemora-se o Dia Nacional do Choro, trata-se de uma homenagem ao nascimento de Pixinguinha. A data foi criada oficialmente em 4 de setembro de 2000, quando foi sancionada lei originada por iniciativa do bandolinista Hamilton de Holanda e seus alunos da Escola de Choro Raphael Rabello.
Pixinguinha faleceu na igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, quando seria padrinho de um batizado. Foi enterrado no Cemitério de Inhaúma.







AMOR ATUAL








O ideal de um casal moderno é se curtir mutuamente. Um não depende do outro pra sobreviver.
Quando ambos descobrem que isso é possível, perdem o medo de serem abandonados e crescem juntos no convívio amoroso.
O homem faz de tudo pra tornar o mundo moderno e, depois, ao ver o mundo mudado, fica perplexo, apavorado, amargurado porque “nada é mais como antigamente”.
É preciso mudar junto com o mundo. Acompanhar a evolução e entrar neste mundo novo, no qual todos nós temos uma participação, nem que seja ínfima.
Dizem que o amor está ficando menos romântico e se tornando mais cabeça, mais prático, a cada dia.
Mas todo mundo quer praticidade pra resolver os problemas do dia-a-dia. Ensinamos aos nossos filhos e aos netos que o ideal é não complicarmos as coisas.
E muitas vezes são eles que nos dizem que “precisamos desencanar e ser menos enrolados ...” Enfim, que precisamos ser mais práticos.

ENTENDENDO O AMOR ATUAL

O romantismo não acabou. O que está acabando é o sonho infantilizado do príncipe encantado, que surge pra fazer a felicidade da mulher pura e pronta pra servir ao seu amo, na mesa e na cama. O príncipe encantado ficou lá no lugar dele, nas histórias da carochinha... “carochinha!?”
Esse tipo de mulher está em extinção.
As atuais buscam realização financeira e alguém que satisfaça os seus desejos afetivos e econômicos, não necessariamente nesta ordem.
O casamento passou a ser pensado, avaliado e pesado na balança. E nós não devíamos rejeitar estas mudanças. A maioria dos casamentos da nossa geração, realizados por volta dos anos 60, fracassou.
É muito raro encontrar alguém daquele tempo, que ainda esteja vivendo com a mesma pessoa do primeiro casamento. E mais raro ainda quem se diga feliz com isso. Portanto, nós, que sofremos as imposições daquela época, não podemos continuar a cometer os mesmos erros e ainda recriminar aqueles que não aceitam seguir os nossos velhos hábitos.
PRECISAMOS NOS ATUALIZAR

Quando começamos a envelhecer sentimos medo da solidão. Mas na maioria das vezes são os próprios idosos que se isolam e acabam ficando sozinhos, porque rejeitam os novos costumes.
Os jovens se queixam de falta de tempo. Vivem correndo... Quem vai querer perder tempo com um “velho implicante” que só abre a boca pra “detonar”?
Vamos mudar isso, escutando, de olhos e ouvidos bem abertos, o que os nossos filhos e netos, e os amigos deles, têm a nos dizer. Precisamos entender os tempos atuais pra não ficarmos por fora deste mundo novo.

Na época atual, a parceria é a palavra do momento. A moda agora é compartilhar. É isso que precisamos aceitar!
E quem sabe, adaptar o que for possível às nossas vidas?
As chances de sucesso neste tipo de casamento são bem mais prováveis. Sucesso no sentido de trazer felicidade, de comunhão entre as partes.
O ideal é compreender que não deve existir a parte fraca que se anula pra conseguir a harmonia do casal. Cada qual precisa ter consciência de que tem seu lado forte, que precisa respeitar e dar apoio ao lado fraco do outro.

MUNDO ATUAL


A mulher trabalha em altos postos, antes destinados exclusivamente aos homens.
A maioria das mulheres, incluindo as vovós, estão dividindo as despesas.
O homem, seja pai ou avô, lava prato, troca fraldas, tarefas estas inimagináveis, consideradas uma desonra aos verdadeiros machos de antigamente e às “Amélias”, que só se preocupavam com a casa e a comida.
Sei que muitas de nós, daquela época, não fizemos parte desse bloco. Mas sei também que uma grande maioria abriu mão do emprego, pra cuidar da casa e dos filhos.
E hoje se queixam de sentirem um vazio, porque os filhos cresceram, tomaram seus rumos, e muitos maridos também partiram pra outras aventuras ou oportunidades.
Quantas quebraram a cara? Perderam o marido e o poder aquisitivo! Hoje ninguém deseja isso a uma filha. Querem que ela se forme e arranje um bom emprego. E torcem o nariz se o filhão arrumar uma namorada que não trabalhe.
Todas as atitudes modernas e práticas são frutos de uma nova concepção de vida, da necessidade de cada um lutar pela independência financeira e, juntos, contribuírem pro êxito econômico da família.
Os hormônios masculinos e femininos se completam pela força do instinto de sobrevivência, formando a tal da parceria.


INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA

A independência financeira da mulher ajuda muito nas uniões que se nutrem mais de amor, de desejo, de respeito, do que de necessidade financeira e emocional.
A mulher que se paga, se sustenta, geralmente tem a auto-estima mais elevada.
E se ela for emocionalmente equilibrada, vai procurar alguém que lhe traga satisfação amorosa. Ela não precisa de marido; ela deseja encontrar alguém que compartilhe interesses, que discuta sobre diversos assuntos. Tudo bem diferente do nosso tempo.
O ideal de um casal moderno é se curtir mutuamente. Um não depende do outro pra sobreviver.
Quando ambos descobrem que isso é possível, perdem o medo de serem abandonados e crescem juntos no convívio amoroso.
A luta pela individualidade veio pra ficar.
Ninguém pode confundir individualidade, que significa unicidade, atributos que distinguem os indivíduos, com egoísmo, que é um sentimento que domina uma mente sofredora, exclusivista.
O egoísta se coloca como o ponto de referência a tudo. Ele se abastece dos predicados do outro, tanto na parte financeira quanto na afetiva.



EM QUALQUER IDADE

Saber viver juntos e de forma individual é quando ambos são capazes de ficar sozinhos, sem se sentirem excluídos, quando um ou outro busca o isolamento.
Com o amadurecimento descobre-se como é importante ficar sozinho. Como é útil o silêncio da solidão pra se fazer uma faxina na mente, analisando e julgando as atitudes, buscando o equilíbrio, o melhor do seu eu.
Vamos deixar que o amor dos jovens evolua sem a nossa influência retrógrada.
E, por que não, observá-los e até aprender com eles uma nova maneira de amar: mais verdadeira, mais prática, menos idealizada e, por isso mesmo, ao contrário do que aparenta, muito mais romântica?
O amor atual visa à doação. Doar é se dar sem esperar nada em troca, pelo simples desejo de saber o outro feliz.
Não existe subtração. Nesta filosofia entre seres que se doam para a construção de uma vida feliz, existe soma.

Maria de Lourdes Micaldas



Essa é para todos que quiserem participar.....
-Após a leitura do texto , pensando na escola literária da fase ROMÂNTICA: na sua opinião,quais as vantagens e desvantagens em relação ao romântico contemporâneo?



O grande amor: Ana Amélia



Retrato de Gonçalves Dias.Por ocasião da elaboração da antologia poética da fase romântica, elaborada por Manuel Bandeira, Onestaldo de Pennafort gentilmente escreveu a nota que segue, retirada daquela obra e aqui transcrita:

" A poesia "Ainda uma vez --adeus,--" bem como as poesias "Palinódia e "Retratação" -- foram inspiradas por Ana Amélia Ferreira do Vale, cunhada do Dr. Teófilo Leal, ex-condiscípulo do poeta em Portugal e seu grande amigo.

" Gonçalves Dias viu-a pela primeira vez em 1846 no Maranhão. Era uma menina quase, e o poeta, fascinado pela sua beleza e graça juvenil, escreveu para ela as poesias "Seus olhos" e "Leviana". Vindo para o Rio, é possível que essa primeira impressão tenha desaparecido do seu espírito. Mais tarde, porém, em 1851, voltando a S. Luís, viu-a de novo, e já então a menina e moça de 46 se fizera mulher, no pleno esplendor da sua beleza desabrochada. O encantamento de outrora se transformou em paixão ardente, e, correspondido com a mesma intensidade de sentimento, o poeta, vencendo a timidez, pediu-a em casamento à família.

" A família da linda Don`Ana -- como lhe chamavam -- tinha o poeta em grande estima e admiração. Mais forte, porém, do que tudo era naquele tempo no Maranhão o preconceito de raça e casta. E foi em nome desse preconceito que a família recusou o seu consentimento.

" Por seu lado o poeta, colocado diante das duas alternativas: renunciar ao amor ou à amizade, preferiu sacrificar aquela a esta, levado por um excessivo escrúpulo de honradez e lealdade, que revela nos mínimos atos de sua vida. Partiu para Portugal. Renúncia tanto mais dolorosa e difícil por que a moça que estava resolvida a abandonar a casa paterna para fugir com ele, o exprobrou em carta, dura e amargamente, por não ter tido a coragem de passar por cima de tudo e de romper com todos para desposá-la!

" E foi em Portugal, tempos depois, que recebeu outro rude golpe: Don`Ana, por capricho e acinte à família, casara-se com um comerciante, homem também de cor como o poeta e nas mesmas condições inferiores de nascimento. A família se opusera tenazmente ao casamento, mas desta vez o pretendente, sem medir considerações para com os parentes da noiva, recorreu à justiça, que lhe deu ganho de causa, por ser maior a moça. Um mês depois falia, partindo com a esposa para Lisboa, onde o casal chegou a passar até privações.
" Foi aí, em Lisboa, num jardim público, que certa vez se defrontaram o poeta e a sua amada, ambos abatidos pela dor e pela desilusão de suas vidas, ele cruelmente arrependido de não ter ousado tudo, de ter renunciado àquela que com uma só palavra sua se lhe entregaria para sempre. desvairado pelo encontro, que lhe reabrira as feridas e agora de modo irreparável, compôs de um jato as estrofes de "Ainda uma vez -- adeus --" as quais, uma vez conhecidas da sua inspiradora, foram por esta copiadas com o seu próprio sangue."
Retrato de Gonçalves Dias.Por ocasião da elaboração da antologia poética da fase romântica, elaborada por Manuel Bandeira, Onestaldo de Pennafort gentilmente escreveu a nota que segue, retirada daquela obra e aqui transcrita:

" A poesia "Ainda uma vez --adeus,--" bem como as poesias "Palinódia e "Retratação" -- foram inspiradas por Ana Amélia Ferreira do Vale, cunhada do Dr. Teófilo Leal, ex-condiscípulo do poeta em Portugal e seu grande amigo.

" Gonçalves Dias viu-a pela primeira vez em 1846 no Maranhão. Era uma menina quase, e o poeta, fascinado pela sua beleza e graça juvenil, escreveu para ela as poesias "Seus olhos" e "Leviana". Vindo para o Rio, é possível que essa primeira impressão tenha desaparecido do seu espírito. Mais tarde, porém, em 1851, voltando a S. Luís, viu-a de novo, e já então a menina e moça de 46 se fizera mulher, no pleno esplendor da sua beleza desabrochada. O encantamento de outrora se transformou em paixão ardente, e, correspondido com a mesma intensidade de sentimento, o poeta, vencendo a timidez, pediu-a em casamento à família.

" A família da linda Don`Ana -- como lhe chamavam -- tinha o poeta em grande estima e admiração. Mais forte, porém, do que tudo era naquele tempo no Maranhão o preconceito de raça e casta. E foi em nome desse preconceito que a família recusou o seu consentimento.

" Por seu lado o poeta, colocado diante das duas alternativas: renunciar ao amor ou à amizade, preferiu sacrificar aquela a esta, levado por um excessivo escrúpulo de honradez e lealdade, que revela nos mínimos atos de sua vida. Partiu para Portugal. Renúncia tanto mais dolorosa e difícil por que a moça que estava resolvida a abandonar a casa paterna para fugir com ele, o exprobrou em carta, dura e amargamente, por não ter tido a coragem de passar por cima de tudo e de romper com todos para desposá-la!

" E foi em Portugal, tempos depois, que recebeu outro rude golpe: Don`Ana, por capricho e acinte à família, casara-se com um comerciante, homem também de cor como o poeta e nas mesmas condições inferiores de nascimento. A família se opusera tenazmente ao casamento, mas desta vez o pretendente, sem medir considerações para com os parentes da noiva, recorreu à justiça, que lhe deu ganho de causa, por ser maior a moça. Um mês depois falia, partindo com a esposa para Lisboa, onde o casal chegou a passar até privações.
" Foi aí, em Lisboa, num jardim público, que certa vez se defrontaram o poeta e a sua amada, ambos abatidos pela dor e pela desilusão de suas vidas, ele cruelmente arrependido de não ter ousado tudo, de ter renunciado àquela que com uma só palavra sua se lhe entregaria para sempre. desvairado pelo encontro, que lhe reabrira as feridas e agora de modo irreparável, compôs de um jato as estrofes de "Ainda uma vez -- adeus --" as quais, uma vez conhecidas da sua inspiradora, foram por esta copiadas com o seu próprio sangue."

Qual relação podemos fazer entre a canção do exílio,o o seu grande amor e as características românticas?
Ficheiro:Gonçalves Dias.jpg

Canções do Exílio




Um dos principais poemas de nossa Literatura, é a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. Além de marcar o momento nacionalista do romantismo brasileiro, este poema serviu de inspiração para inúmeros poetas de todas as épocas literárias. Dessa forma, você pode utilizá-lo para desenvolver uma atividade sobre intertextualidade.

OBJETIVOS

Os objetivos dessa atividade são:

- reconhecer e demonstrar a intertextualidade;

- desenvolver a expressão escrita do aluno;

- desenvolver o uso de linguagem poética e da ironia.

INSTRUÇÕES

Abaixo apresentamos uma coletânea de textos, gerados a partir da Canção do Exílio ” de Gonçalves Dias:

1) Canção do Regresso à Pátria

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para São Paulo
Sem que eu veja a rua 15
E o progresso de São Paulo

Oswald de Andrade


2) Canção do exílio

Minha terra tem macieiras da Califórnia
Onde cantam gaturamos de Veneza
Os poetas da minha terra
São pretos que vivem em torres de ametista,
Os sargentos do exército são monistas, cubistas,
Os filósofos são polacos vendendo a prestações.

A gente não pode dormir
Com os oradores e os pernilongos,
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.

Eu morro sufocado
Em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas mais gostosas
Mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
E ouvir um sabiá com certidão de idade!

Murilo Mendes


3) Sabiá

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De uma palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer

Tom Jobim e Chico Buarque de Holanda


Antes de mais nada, realize a leitura dos três poemas acima, assim como da Canção do Exílio. Deixe claro para seus alunos que os textos tinham objetivos diferentes. O texto de Gonçalves Dias exaltava a pátria, era nacionalista e romântico, enquanto os textos de Oswald de Andrade e Murilo Mendes apresentavam a realidade que estavam vivendo os modernistas. Eles desejavam mostrar o Brasil, seu progresso e seus problemas. Já a música de Tom Jobim e Chico Buarque apresenta a subjetividade e os problemas da época contemporânea: ela foi escrita durante o regime militar, e por isso o exílio ganha outra conotação, ligada à opressão da ditadura. Ressalte que somos influenciados pela História, pelos acontecimentos políticos, sociais e culturais de nossa época.

-A seguir, proponha aos alunos que eles também façam uma paródia do texto de Gonçalves Dias. Para fazer seus textos, eles também devem ter um objetivo: expressar seu nacionalismo ou ironizá-lo, por exemplo. Procure também trabalhar de forma crítica, evocando questionamentos como “em que país nós vivemos?”.

-Depois da produção dos textos, escolha junto com sua turma os melhores, apresentando-os na forma de mural para os demais alunos da escola. Não se deve esquecer de colocar, juntamente com a produção dos alunos, o texto gerador, de Gonçalves Dias. Os alunos podem também apresentar oralmente os versos que produziram e a classe escolher as melhores apresentações.