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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Canções do Exílio




Um dos principais poemas de nossa Literatura, é a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. Além de marcar o momento nacionalista do romantismo brasileiro, este poema serviu de inspiração para inúmeros poetas de todas as épocas literárias. Dessa forma, você pode utilizá-lo para desenvolver uma atividade sobre intertextualidade.

OBJETIVOS

Os objetivos dessa atividade são:

- reconhecer e demonstrar a intertextualidade;

- desenvolver a expressão escrita do aluno;

- desenvolver o uso de linguagem poética e da ironia.

INSTRUÇÕES

Abaixo apresentamos uma coletânea de textos, gerados a partir da Canção do Exílio ” de Gonçalves Dias:

1) Canção do Regresso à Pátria

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para São Paulo
Sem que eu veja a rua 15
E o progresso de São Paulo

Oswald de Andrade


2) Canção do exílio

Minha terra tem macieiras da Califórnia
Onde cantam gaturamos de Veneza
Os poetas da minha terra
São pretos que vivem em torres de ametista,
Os sargentos do exército são monistas, cubistas,
Os filósofos são polacos vendendo a prestações.

A gente não pode dormir
Com os oradores e os pernilongos,
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.

Eu morro sufocado
Em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas mais gostosas
Mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
E ouvir um sabiá com certidão de idade!

Murilo Mendes


3) Sabiá

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De uma palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer

Tom Jobim e Chico Buarque de Holanda


Antes de mais nada, realize a leitura dos três poemas acima, assim como da Canção do Exílio. Deixe claro para seus alunos que os textos tinham objetivos diferentes. O texto de Gonçalves Dias exaltava a pátria, era nacionalista e romântico, enquanto os textos de Oswald de Andrade e Murilo Mendes apresentavam a realidade que estavam vivendo os modernistas. Eles desejavam mostrar o Brasil, seu progresso e seus problemas. Já a música de Tom Jobim e Chico Buarque apresenta a subjetividade e os problemas da época contemporânea: ela foi escrita durante o regime militar, e por isso o exílio ganha outra conotação, ligada à opressão da ditadura. Ressalte que somos influenciados pela História, pelos acontecimentos políticos, sociais e culturais de nossa época.

-A seguir, proponha aos alunos que eles também façam uma paródia do texto de Gonçalves Dias. Para fazer seus textos, eles também devem ter um objetivo: expressar seu nacionalismo ou ironizá-lo, por exemplo. Procure também trabalhar de forma crítica, evocando questionamentos como “em que país nós vivemos?”.

-Depois da produção dos textos, escolha junto com sua turma os melhores, apresentando-os na forma de mural para os demais alunos da escola. Não se deve esquecer de colocar, juntamente com a produção dos alunos, o texto gerador, de Gonçalves Dias. Os alunos podem também apresentar oralmente os versos que produziram e a classe escolher as melhores apresentações.

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